segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O outro setembro.


Para começar, devo dizer que o novo filme de S.Spielberg é realmente muito bom! O Steve depois do fiasco que foi "Guerra dos Mundos", redime-se neste novo trabalho.
"Munique" é muito agradável de seguir, e a sua longa duração mal se sente.Porque contém um bom ritmo, boas interpretações, bons planos.
Centrando-se na "vingança" israelita pós-Munique '72 e não no crime em si, Spielberg esforça-se por tentar ser imparcial.E se não o consegue, não anda muito longe disso.Conseguimos ver tanto lado normal e humano (que todos nós temos) dos terroristas que planearam o rapto como dos agentes da Mossad.Vê-se que eles têm as suas famílias, os seus problemas, as suas qualidades e defeitos como qualquer ser humano.
Discordo no entanto em pequenos pormenores do filme, nomeadamente: sobre esta suposta falta de profissionalismo, inépcia, falta de preparação por parte dos elementos da Mossad.Não creio que assim tenha sido e que muito menos ainda assim o seja, não nos esqueçamos a Mossad é só a melhor "secreta" do mundo! Fruto do rigor, inteligência e cultura que marcam o especial povo judaico.
Outro aspecto menos realista, foi o encontro entre os judeus encarregados da vingança com os palestinianos em Atenas, no quarto de ambas as facções.Como é que estariam lado a lado sem se terem apercebido donde vinham.Mas vá lá, até teve o seu de cómico quando apontando armas uns aos outros, os Hebreus assumem-se como elementos do ANC, ETA,...Compreendo que Spielberg quisesse criar cenas de convívio entre os 2 grupos, ainda mais com uma conversa que ocorre depois nessa mesma noite com os 2 líderes, esgrimindo opiniões sobre a questão israelo-árabe.
A banda sonora, mais uma vez a cargo do eterno amigo e colega de Spielberg: John Williams, é interessante, como normalmente marca o seu trabalho.Recorde-se que John Williams acaba de ser nomeado 2 vezes para edição deste ano dos Óscares e por conseguinte atinge a bele marca de 45 nomeações no seu currículo! É, realmente a meu ver , o melhor compositor juntamente com Hans Zimmer.O Spielberg deve-lhe muito do seu sucesso a Williams, lembram-se de grandes musicas como "ET" ou "Tubarão" !...
Quem também "pica o ponto" outra vez é Janusz Kazminzki, o cinematógrafo, recordo especialmente os planos no Chipre (?) quando Eric Bana está no mesmo hotel , no quarto ao lado doutro terrorista.As cores são muito eficazes.
E, como gosto de falar do "visual" propriamente dito, tenho que escrever que o melhor plano para mim é aquele em que nós vimos os buracos das balas na parede juntamente com respingos, é brutal , eu sei! Mas é esteticamente original e funciona como uma elipse de uma execução.E a melhor sequência? Sem dúvida a do atentado em Paris, na casa do embaixador, a emoção toma conta de nós, quando pensamos que a filha do árabe será morta pela bomba.Esta parte está muito bem filmada, montada e sonorizada.Puro cinema !
Eric Bana é um pouco inexpressivo, mas se calhar até neste filme "calha" bem, pois ele é um homem cada vez mais traumatizado com a dura e longa experiência deste trabalho penoso que o afasta da sua família.Finalmente vemos também, Daniel Craig, o novo Bond, que desempenha o papel do elemento mais agressivo e expressivo.Também entram Kassovitz (que também é realizador) e Geoffrey Rush.Estes actores com as suas diferentes personalidades comunicam-nos a ideia da diferença entre a unidade da causa judaica.Saliento a interpretação do francês Louis (Mathieu Amalric)
, membro daquela máfia francesa que fornece informação à Mossad.
No fim, Eric Bana já é um homem alterado, marcado ela "aventura", e que só quer viver a sua nova vida com a família em NY longe de Israel e da Mossad.
E como não podia deixar de ser, no último plano vimos as torres gémeas do WTC (ressuscitadas digitalmente) para homenagear o monumento e também para nos lembrar o que o terrorismo fez e faz.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006


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