quinta-feira, maio 29, 2008

Indy 4


Indy está de volta com o chicote e chapéu.E, apetece pegar no chicote e usá-lo em George Lucas, pois ele é que escreveu o argumento conjuntamente com Philip Kaufman, claro que Spielberg tem a sua quota parte nesta decepção...No entanto, acho que a principal falha é sem dúvida do argumento.
Começo a pensar que as sequelas devem ser realizadas em períodos curtos, uns após outros filmes, senão corre-se o risco de acontecer o que aconteceu com esta nova "desventura". Claro que hoje em dia já não é possível fazer um filme à 80's! Viva à melhor década de sempre: anos '80 !
Este Indy 4, não tem a magia, a espontaneidade, e a empatia que sentimos nos anteriores.Parece tudo feito à pressão e metodicamente, com o objectivo de funcionar como "blockbuster" , sem a beleza de um rasgo genuíno de criatividade.Falta a natural essência dos pequenos deliciosos pormenores dos predecessores. Existem muitas ideias copiadas dos anteriores, claro que isso é bom, porque nós queremos rever as "coisas" que fazem do Indy o Indy, mas falta imaginação!
Dou um exemplo: a cena da cobra nas areias movediças, foi nitidamente posta á força, até porque eles são novamente apanhados pelos Soviéticos e chega-se ao caricato de Indy pedir ao Ox: Ajuda...Ajuda?...
O filme começa bem, tal como muitos outros, ficamos logo rendidos à fotografia de Janusz Kaminski ,não é por acaso que Spielberg trabalha sempre com ele, (vejam os seus anteriores trabalhos em "Schindler's list" ou "Munich"). As cenas no armazém, no bar ou na sala de aula são imagens onde o uso da luz é sublime. Toda a recriação dos anos '50 é esplendorosa, e este é para mim um dos grandes trunfos desta longa-metragem.Alguns "gags" no princípio também resultam: achei muita piada à parte em que Laboeuf usa a cola refrigerante do estudante para molhar o seu pente ou quando Indy cai em cima de 2 soviéticos no carro, depois de ter calculado mal o seu salto com o chicote-aqui há o humor da auto-crítica da própria idade.
Adorei as cenas em que Indy está a ser hipnotizado, porque tem uns planos de um grande expressionismo, a "arte" da sombra e sua projecção do perfil de Indy e do seu chapéu na cortina é fantástico.Também, gostei de ver o lado académico e culto de Indy quando fala de arqueologia.
Como não podia deixar de ser, temos cenas de grande implausibilidade mas por 3 vezes...Quando caem das cascatas nada lhes acontece (mais uma ideia copiada do "Templo Perdido")
A banda sonora (sem me querer armar em perito de música) é agradável, mas repetitiva, longe da originalidade do 2º episódio "O Templo Perdido", tenho-a ouvido no computador, e é um "score" delicioso de John Williams.
Os actores estão bem, penso que Ford não faz mais porque o "script" não o permite, Cate Blanchett continua com uma grande aura e "chama" (apesar daquele cabelo, é sempre uma mulher interessante), Laboeuf cumpre o seu papel perfeitamente, Karen Allen está quase na mesma volvidos 27 anos depois de "Os Salteadores da arca perdida", Ray Winstone encarna bem o "inglês rafeiro" e John Hurt mal abre a boca...
Os meus receios confirmaram-se, depois de muitos anos e de muitas expectativas, o filme desilude. E, comecei logo a pressentir algo mal quando li que Lucas pretendeu não usar muitos efeitos especiais, para manter o realismo dos anteriores. Quando dizem isto, é que já abusaram dos CGI!... E, que tal não usarem efeitos? É, que de filme de aventuras passou a filme de fantástico para mim! Até metem "aliens", minha nossa! Sei que Spielberg é obcecado por extra-terrrestres (ET,Encontros Imediatos,Inteligência Artificial,Guerra dos Mundos) mas valha-nos paciência, extra-terrestres no Indy?!...
O filme acaba de forma, a jogar com as nossas expectativas para futuras sequelas, o chapéu voa até Mutt (ficamos logo com a ideia que ele continuará) mas de pronto Indy pega no seu chapéu , e ficamos na dúvida...
A verdade verdadinha é que Lucas desilude outra vez depois da 2ª trilogia da "Guerra das Estrelas", com os mesmos erros, excesso de digitalismos e perda da "magia"...
O filme não é mau, e dou-lhe 3 estrelas, pois há bons aspectos, mas ficamos sempre com a sensação que as pipocas podiam ter sabido mais...
E, isto é triste, porque assim "morre" uma "franchise" que foi das mais giras , e a melhor em termos de filmes de aventuras.Conhecem melhor filme de aventuras que Indiana Jones? Eu não...
Mas tenho cá um "feeling" que Batman será um excelente "blockbuster" para Julho...

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

ARTE FOTOGRÁFICA PURA


Quero partilhar com os prezados visitantes a este blog, provavelmente "a fotografia" que eu mais gosto de sempre!
Intitula-se "Dali Atomicus" e foi realizada pelo letão Phillippe Halsman em 1948.
Recordo-me que da primeira vez que a vislumbrei, então na aula de Fotojornalismo na Universidade Autónoma de Lisboa, fiquei completamente siderado! Era "Arte pura" em registo fotográfico! Fiquei boquiaberto e de olhos arregalados.

É Obviamente uma fotografia com uma grande carga de encenação, onde os adereços contribuem muito para o enriquecimento da imagem. Mas eu tanto gosto de fotografias simples como das muito produzidas.
A expressão "louca" de Dali, o rasto de água (visualmente irresistível), os gatos voando, a cadeira em suspensão assim como o cavalete, e todo o ambiente artístico de atelier perfazem uma foto verdadeiramente fabulosa plena de beleza e com conteúdo!
Parece que entramos na mente surrealista de Dali neste momento, e para sempre...
Hoje é possível fazer isto tudo em programas de edição de imagem, mas não requer a criatividade, dificuldade, paciência e originalidade que teve então.
É também um documento da época e dos intervenientes, que traduz perfeitamente os estilos e personalidades destes 2 grandes artistas (por um lado o "surreal" de Dali e por outro o conceito de "Jumpology" que Halsman desenvolveu).
Para mim é a fotografia que exterioriza melhor toda a genialidade e fantasia de um dos homens mais admiráveis e peculiares que a humanidade conheceu.
Se ainda alguém tiver a estúpida ousadia de dizer que fotografia não (poder) ser Arte, esta é a melhor resposta a esses fotocépticos.

Conta-se que à contagem de "três!" os assistentes de Halsmann lançaram os 3 gatos e um balde de água e aos "quatro!" Dali saltou , enquanto a mulher de Halsmann segurou na cadeira do lado esquerdo, estando os cavaletes suspensos por cordéis.
Foram precisas 26 tentativas e 5 horas para alcançar o resultado que Halsmann pretendia.
A fotografia teve o título de "Dali Atomicus" por causa do quadro de Dali: "Leda Atomica", o quadro aparece do lado direito da imagem.
Estávamos nos anos 40, na era atómica, e o quadro e a fotografia reflectem a ideia que tudo devia estar em suspensão, como o átomo.
A fotografia foi publicada com honras de destaque de 2 páginas na revista Life.
Dali e Halsman colaboraram artisticamente mais de 40 anos, incluindo 32 fotografias para o livro "Dali's moustache".

A título de curiosidade, em baixo, podemos ver "Leda Atómica" de Dali (Gala, mulher de Dali como modelo).