domingo, maio 07, 2006

A inflitração de Spike



E, pronto nem é preciso confirmar-se o que já é óbvio: Spike Lee é indubitavelmente um dos melhores realizadores actuais. No entanto, injustamente ainda não foi lhe reconhecido o justo valor que tem, assim como Martin Scorsese, só para citar um exemplo. Enfim, não caem no goto do mainstream "Hollywoodiano".
Não estou a referir-me concretamente a este filme, pois Spike dispõe de melhores filmes que este último "Inside Man". Este "Infiltrado" é uma nova jogada na carreira de Spike, optando por um tipo de filme, mais virado para o entretenimento. No entanto, quem reparar e conhecer bem a obra de Spike, sabe que estão lá muitas das marcas do seu cinema de "auteur".
O sub-contexto racial: o sikh que é confundido como árabe (situação que acontece ainda no mundo corrente) e prontamente apontado pelo pelo polícia; a conversa do italo-americano polícia sobre os "spics" (termo pejorativo para hispânicos); o comentário do detective Keith Frazier (Denzel Washington) sobre a "empertigada branca" Madeline White (Jodie Foster); e a ganância imoral do milionário judeu Arthur Case (Christopher Plummer).
Os "planos" fotográficos e arquitectónicos da querida Nova Iorque de Spike Lee.
Um tipo de "travelling" "sui generis", que já havia visto em "Clockers", em que o personagem (neste caso o detective) está parado mas move-se (o actor provavelmente está em cima do charriot).
O filme é de 2 horas, mas nem se nota! O que é bom sinal ! Existem muito flashbacks que prevêem o final que acaba por ser surpreendente.
Além de das excelentes interpretações (com um grande naipe de actores: Washington, Foster, Dafoe, Owen, Plummer) , há sempre o estilo visual do realizador que confere uma estética agradável, e ainda tem pitadas de humor, algumas bastante graciosas!
Denzel Washington oferece-nos realmente uma grande interpretação, perfeitamente enquadrado na personalidade do personagem.
O filme tem os seus componentes não tão bons: existem algumas implausibilidades em termos de argumento em todo o desenrolar da história- os polícias nem se deram ao trabalho de revistar o banco depois do assalto; a forma como Russell (Owen) sai do banco ileso; a facilidade com que Madeline (J.Foster) entra em negociações com o bandido,etc... Contudo se formos por aí, o cinema deixa de ser fantasia e imaginação e perdia a piada!
No cômputo geral, gostei bastante e aconselha-se , mas aconselho ainda mais os outros filmes de Spike Lee!

1 comentário:

Angel disse...

Desta vez subscrevo tudo o que escreveste sobre este trabalho. Ainda por cima,és ciúrgico na descoberta dos pontos fracos e fortes do filme.